Decapitaçoes em transpiração

O meu sentimento às vezes anda longe de mim.
no silencio entre notas de uma musica
num olhar perdido que não chora
em incertezas de contar aos duendes.

Debaixo de musgo verde e humido
junto a uma árvore com raizes salientes
escondo-me aos pedaços.
guardados por esses duendes que riem
que têm sapatos enrolados na ponta
e fazem ginástica quando acordam.

Eu não faço ginastica quando acordo.
Deito-me na terra preta
de barriga para baixo
e cotovelos enterrados.
Fico a olhar para os duendes:
Vejo-os a fingir fazer magias,
a tocar flauta e a coser botões.

Estou sentado no cimo do monte.
Em cima da rocha mais alta no cimo do monte.
Os meus olhos brilham com o sol.
olhos castanhos afogados em verde
que sonham com paisagens de ar branco e puro,
de pó no ar de ser
de sobressalto intenso de vida
num ofegar repleto de sabor.
Sorrio o vento nos cabelos.
e por momentos adormeço em sonhos de pedra
caminhos que serpenteiam as nuvens
e devaneiam em torno de mim.
e sinto os braços abertos .bem abertos.
como ramos de árvore que agarram o mundo
e asas que planam no meu olhar.