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Thursday, March 17, 2005

Encontrei junto à praia um barco abandonado
daqueles de madeira solitária que não conversa com o mar.
Um barco pintado de azul muito escuro arranhado pelo vento
e com um cobertor descolorado pelo sol no interior.
Entrei no barco e soltei a corda que o amarrava na espuma.
Agarrei-me com mãos fortes cravavando medo na madeira dura.
"Um pedaço de madeira nunca afunda" permanece no olhar.
como uma folha de outono.

As ondas intimidam se as olho
mas a minha cabeça, agora baixa
encontra apenas a textura da madeira, fixando
a eternidade de cada nervura e a opacidade macia
da sua permanencia.
o barco entregou-se. e o mar agora está calmo.

Mas imenso.
Rodo em torno de mim e contraio os musculos da face.os olhos
acompanham o ar que inspiro e o corpo anseia não querer saber onde está.
O barco não precisa de falar com o mar
mas a minha boca. só pensa em ouvir.
Rodo novamente
e agora o sol assusta-me.não quero vê-lo.
magoa-me a forma repetida como me olha
e doi-me não saber o nome dele.
Procuro então o cobertor velho sentindo que o vento
quer levar o meu corpo.
que como um papagaio o meu corpo existe ainda porque
o barco não precisou de falar comigo para
agarrar o fio que me permite voar.
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