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Tuesday, February 14, 2006

No teu brilho

O meu andar agita-se quando te vejo,
imóvel aos meus olhos,
agarrada a mim por dentro
e decidida para amar, sorrindo,
com a lucidez rara de um olhar
em duas pessoas que se procuram,
que não querem parar de se conhecer,
sempre mais.
A luz, tímida,
revela-me os teus contornos,
uma pétala entregue ao vento
que não hesita chamar pelo mundo,
abrir os braços e dizer:
“Hoje quero ser feliz”

Quero partilhar contigo os sabores
escondidos nos segredos.
Fundir sorrisos, momentos bons
Momentos difíceis, olhares
partilhar gestos de ternura
renovados a cada toque.
Vem,
vamos sentir o sabor de uma nuvem.
Preciso do teu sorriso, do teu olhar.
Poder ser eu. Simplesmente.
No teu brilho.


Thursday, February 02, 2006

Jardim dos aromas


A minha face percorre a tua.
Quero decorar os teus contornos
enquanto inspiro o aroma
que emana da tua pele.

Os meus olhos semi cerrados de prazer
encontram movimentos suaves,
numa imensidão de corpo, de nós,
sentida no limite do beijo.

A minha mão sente os teus lábios entreabertos,
uma frescura que se agita húmida
na sensibilidade ansiosa da minha mão.
Abraço-te.

Planeio o meu próximo beijo.
Que parte de ti esperará menos?
Sentados sobre a erva
solto as flores no teu colo.

O sol põe-se rápido sobre o rio.
A erva, verde, cumplice do tempo
observa-nos agora mais longe,
juntos, entre palavras soltas sem razão.

O nosso caminhar é agora descontraído.
As mãos dadas conversam entre si.
Contam os segredos dos sonhos
e riem-se conosco, do mundo.

Tuesday, January 31, 2006

Desabafo


Dedos que tentam tocar-se.

Distante o tempo que separa os corpos
que junta poros que respiram medos,
caminhos entreabertos de olhares desviados
mãos, raizes segurando a terra de dentro
entregues às copas das árvores, à brisa,
baile de outras gentes que estão em nós.

Olhos nascidos no céu, da expiração breve.

No cume dos montes, branca a neve
que arrefece o fogo, o meu corpo quente
para lá do teu nome, não sabe falar-te,
exprimir o aperto, instante de força,
entrega desejada a um corpo inteiro
na inexistência de um momento único.
Raio vertical sobre a vontade de amar.

A nuvem esconde o baú, ri-se de mim.

Chuva de segredos, cores claras indistintas
pasteis que pintam a minha nuvem, só por fora.
O cabelo molhado, o corpo que escorre
loucura sôfrega de te dizer mais, para lá deste chão,
levar-te, assim, por esses lados. Abrir o baú.
O vento sabe o que quero dizer.
A minha nuvem quer deixar-se voar.

Monday, January 16, 2006

Encontrei-te num sonho,
entre cores de um sorriso
num calor ansioso de olhares.
De dentro do sonho trouxe-te a ti,
um segredo meu, desejo nosso.
Quero eternizá-lo afogado em ternura
pedaço de magia nas nossas mãos.

Num beijo cúmplice, que acompanha a música,
esse segredo sorri ao ritmo do nosso corpo.
E, alheados do mundo,
tropeçamos em erupções súbitas de vontade,
mãos agarradas à música que nos move. A nós.
Numa dissolução de prazer que nos possui.
Dois corpos colados, dançam.
Dois sorrisos se fundem
num sonho que não adormece.

Saturday, January 07, 2006

Subindo uma rua do Chiado, daquelas com calçada gasta por tanta gente diferente, pisada por pés de tantos mundos, vencida por passos tão próximos de cada um de nós, dei comigo parado junto a uma montra de um alfaiate. Os seus melhores amigos serão certamente seus clientes, pensei.
No reflexo do vidro senti um frio fogo de uma montra distante. como se fosse preciso subir milhares de degraus para chegar junto desse alfaiate. Como se ao longo desses degraus precisasse de partilhar a minha vida: a única coisa que eu queria era sentar-me um pouco dentro da loja. saber se estava frio, se havia um rádio em alto volume, se o senhor falava muito ou, pelo contrário, bebia chá preto num silêncio pasmo de ausência.
Coloquei a mão no vidro. queria deixar uma marca naquela montra. esperando um dia compreender aquela ausência, minha. O calor do meu corpo ficou marcado na transparência do limite entre a montra do alfaiate e a rua de toda a gente.
Segui pela rua. Aos poucos o meu passo perdeu ritmo. Conseguia ver dentro da minha cabeça fluxos intensos de pensamentos furiosos, o sangue sentia-o quente. Dei por mim a caminhar sempre no mesmo sítio. Passo após passo.
Por fim reparei que à minha volta a rua estava estática: pessoas, cães, pássaros, lixo que voava, agora estava completamente imóvel. Há pouco andando sempre no mesmo sítio, agora caminhando por entre corpos parados. Estátuas vivas. sentimentos parecendo montras de uma vulgar rua de toda a gente.

Friday, January 06, 2006

Encontrei o teu olhar, fixo num horizonte que desconheço.
Encontrei-me na vontade de o atingires.
Talvez o horizonte do teu olhar esteja próximo do meu.
Talvez o meu olhar, aos teus olhos, esteja também fixo
num horizonte que desconheces.
A uma risada de nós.

Observas o meu sorriso sem razão,
o meu segurar no copo desajeitado,
a mão que surge sem dono
a par da perna que estico para além da mesa.

A tua forma parece rígida de ternura
ansiosa de beijo. num toque eterno perfeito
de uma quase timidez.
O teu sorriso é uma nuvem passageira,
onde o sol esconde o seu brilho.
Para lá dessa nuvem, bela,
existe um céu enorme.
onde as nuvens, um dia, vão deixar o sol brilhar
num sorriso conjunto
em que, nem nuvens, nem sol
precisam de existir
para tudo ser perfeito.

Tuesday, June 21, 2005

Poema de amor



Quero que sejas minha
como um pássaro é do céu,
como a lua é da Terra.
Dizer que és bonita
sorrindo os meus olhos
com um brilho que é o teu.
Saber que posso guiar-te pelos
dedos sonhadores da minha mão
e possuir-te, em sufocos, cúmplices
de uma solidão a dois.

Esquecer a Terra.
Dar-te as minhas mãos todas,
seres um sorriso nos meus sonhos
em fuga para o outro lado do mundo.
Sabes, gostava que viesses comigo
para longe. Sermos os dois
uma ilha longínqua, de amor.

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